Vida sustentável: Sócrates e o sentido da sustentabilidade real
julho 13, 2025
No ritmo acelerado do mundo atual, onde a produtividade é frequentemente confundida com propósito, a voz de Sócrates ressoa com uma pertinência quase profética. Há mais de dois milênios, o filósofo ateniense nos alertava: “Cuidado com a esterilidade de uma vida agitada.” Uma frase curta, mas carregada de profundidade — especialmente num tempo em que agendas lotadas, metas incessantes e a pressão por resultados imediatos aparentemente definem o valor das pessoas.
Hoje, em pleno século XXI, vivemos uma contradição aparentemente insolúvel: avançamos exponencialmente em tecnologia, conectividade e eficiência, mas retrocedemos em bem-estar, presença e sentido. O que Sócrates intuía — que um movimento constante pode ocultar um vazio existencial — é mais real do que nunca. E, paradoxalmente, esse vazio também ameaça a sustentabilidade e a governança que tanto defendemos no mundo corporativo e social.
A sustentabilidade começa dentro de nós
Falamos muito em ESG — governança, ambiental, social — como se fosse um conjunto de indicadores a serem cumpridos. Mas e se a verdadeira sustentabilidade começar muito antes dos relatórios anuais? E se ela nascer da qualidade do nosso tempo, da integridade do nosso propósito e do equilíbrio entre o que fazemos e quem realmente somos?
A sustentabilidade não é apenas sobre reduzir emissões ou promover diversidade. É, fundamentalmente, sobre ciclos saudáveis: de trabalho e descanso, de ação e reflexão, de crescimento e recuperação. Quando quebramos esses ciclos em nome da produtividade, rompemos o equilíbrio natural — e não apenas em nós mesmos, mas nas organizações que lideramos e nas comunidades que impactamos.
Saúde física, mental e espiritual: os pilares do ESG pessoal
Assim como as organizações precisam de governança sólida, as pessoas também precisam de uma “governança interna” — o ESG Pessoal:
- E (Espiritual): Não necessariamente religioso, mas o senso de propósito, conexão com valores profundos e consciência do lugar que ocupamos no mundo.
- S (Saúde Mental): Capacidade de lidar com o estresse, cultivar a resiliência e manter a clareza emocional.
- G (Governança do Corpo): Cuidado com o sono, alimentação, movimento e ritmo de vida — uma base física sobre o que tudo o mais se sustenta.
Quando provocamos qualquer fissura em um desses pilares, criamos um desequilíbrio que se propaga. Líderes exaustos tomam decisões reativas. Equipes sobrecarregadas perdem criatividade. Organizações focadas apenas em resultados imediatos esqueceram da ética e da longevidade.
Estratégia com sabedoria: a lição Socrática
Sócrates não pregou a inação. Pelo contrário, era um questionador incansável. Mas ele sabia que agir sem reflexão é movimento sem direção. Sua famosa máxima — “Conhece-te a ti mesmo” — é um convite à autogestão consciente. Em um mundo de KPIs e OKRs, talvez precisemos reintroduzir o PQR: Propósito, Qualidade, Resiliência.
Uma estratégia sustentável não é aquela que maximiza resultados no curto prazo, mas aquela que respeita os limites humanos e sustentáveis. Assim como um ecossistema saudável precisa de equilíbrio entre espécies, um líder sustentável precisa equilibrar ambição e descanso, inovação e presença, ação e contemplação.
Como aplicar o olhar de Sócrates no hoje?
- Desacelerar para recentrar
Reservar tempo diário — mesmo que sejam 15 minutos — para desconectar. Sem telas. Sem metas. Apenas respirar, respirar, observar. É nesse silêncio que o propósito se revela. - Incorporar a saúde como métrica de sucesso
A produtividade já é medida, agora é preciso começar a medir o bem-estar. Quantas horas dormiu? Quantas vezes riu hoje? Quando foi a última vez que fez algo que alimentou a alma? - Promover uma cultura de pausas significativas
Nas organizações, isso significa valorizar o tempo de descanso, desestigmatizar o “não” e cultivar práticas como mindfulness, pausas ativas e jornadas mais humanas. - Perguntar: “Isso me alinha ou me desgasta?”
Antes de assumir um novo compromisso, projeto ou meta, fazer essa pergunta. A resposta, muitas vezes, já pode trazer uma orientação necessária.
Uma vida sustentável com sabedoria filosófica
A sustentabilidade verdadeira não acontece apenas fora de nós — nas políticas ambientais, na diversidade ou na governança corporativa. Ela começa dentro: na coragem de parar, no discernimento de escolher bem e na sabedoria de viver com intenção.
Como Sócrates nos ensinou, não basta estar ocupado. É preciso estar presente. Não basta produzir. É preciso significar. E, no fim, talvez a maior contribuição para que possamos dar ao mundo — e à sustentabilidade — seja viver uma vida plena, equilibrada e profundamente humana.
Porque uma vida agitada pode ser produtiva. Mas só uma vida reflexiva pode ser verdadeiramente sustentável.
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✍ Adriano Motta.
🖼 Imagem – Freepik
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